A Decolonialidade em foco: um panorama a partir da Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia das instituições públicas brasileiras de ensino superior (2016 - 2022)

Resumo

A decolonialidade é um campo de investigação e produção de saberes nascida nas últimas décadas do século XX, objetivando questionar a divisão entre Norte e Sul Global, nos modos de organização de vida e de leitura predominantes na sociedade ocidental. Nesse sentido, o campo decolonial busca resgatar os saberes, práticas e conhecimentos daqueles povos do Sul historicamente apagados e silenciados pelos processos de colonização, ocorrido nos séculos passados, impondo um modo de vida predominantemente eurocêntrico, supostamente neutro e opressor. Assim sendo, o presente artigo objetiva compreender a inserção das referências decoloniais, combinadas com o pensamento de Frantz Fanon, nas produções dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia, nas instituições de ensino superior públicas, compreendendo o período de 2016 a 2022. A partir do uso de descritores, foram realizadas buscas nos repositórios das universidades públicas federais, estaduais e de integração, atentando para o critério de tempo, o formato da produção (tese ou dissertação) e a origem a partir de programa de Pós-Graduação em Psicologia. Com isso, foram encontradas 67 teses na temática decolonial em Psicologia, das quais foram escolhidas quatro produções, originárias de um programa de pós-graduação de cada região, a fim de ilustrar o atual estado da arte da decolonialidade em Psicologia. Posto isso, foi possível perceber que existem significativos estudos de matriz decolonial no campo da Psicologia no Brasil, em especial nas produções escolhidas para análise, com as temáticas de identidade, subjetividade, cuidado em saúde e saúde mental. Contudo, estas investigações são recentes, iniciadas nos últimos três a quatro anos, e ainda se apresentam de forma esparsa e mínima, frente às demais produções acadêmicas dos programas de pós-graduação em Psicologia no período analisado. Assim sendo, faz-se necessário não somente maiores investigações na área, a partir da matriz decolonial, mas também ampliar a inserção desta epistemologia nos currículos, extensões e atividades práticas dos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia, combinado com o incentivo de mais estudos e intervenções no âmbito da pós-graduação nas diversas áreas na Psicologia, que podem vir a se beneficiarem da epistemologia decolonial.