Estética Negra: discussões envolvendo discriminações, exclusões e estratégias de enfrentamento ao racismo.
Palavras-chave:
Estética Negra, Mulheres Negras, Discriminação, Enfrentamento ao RacismoResumo
O presente estudo integra a agenda de pesquisas do Grupo Psicologia e Desenvolvimento Humano – GP/PSIDIHN em uma proposta multietapas. Ele partiu do cruzamento das vivências de uma das pesquisadoras enquanto trancista, com pessoas do público alvo que passaram pela transição capilar no período da pandemia de Covid-19 utilizando penteados afros. No processo de entrelaçamento dos cabelos foi observado constantes relatos da infância ligados aos cabelos e sofrimento em experiências de discriminação racial pelos traços fenotípicos. Ao mesmo tempo, empregavam à transição capilar experiências relacionadas ao retorno da identidade em contato com os fios naturais, atribuindo significados subjetivos à transição capilar e ao uso de penteados afros como forma de cuidarem dos cabelos nesse processo. A partir desta realidade delineou-se uma pesquisa na qual o objetivo foi estudar Sentidos e Significados do processo de transição capilar para mulheres negras. As primeiras investigações na Literatura da área apontaram que nesse contexto a literatura da ciência psicológica não considerou a relevância do tema, dados os poucos estudos ligados à estética e as discussões envolvendo discriminações e exclusões, bem como estratégias de enfrentamento ao racismo. A partir dessa constatação, delineou-se uma proposta multietapas na qual o presente estudo seguiu enquanto Estudo 1 e o Projeto de aprofundamento de conhecimentos sobre Estética Negra e seus sentidos e significados enquanto Estudo 2. O Estudo 1 delineou-se em uma Abordagem Qualitativa, de cunho Descritivo Exploratório, do Tipo Pesquisa Integrativa de Literatura. O objetivo geral foi investigar a Literatura da Área sobre Estética Negra com ênfase no processo de transição capilar, de modo a compreender o papel da Estética Negra nas discussões envolvendo discriminações e exclusões, bem como estratégias de enfrentamento ao racismo. Os objetivos específicos foram: identificar e descrever as raízes históricas do movimento negro, caracterizar e descrever a presença da Estética Negra enquanto fenômeno pertencente a essa história e aprofundar as discussões envolvendo discriminações e exclusões com ênfase no reconhecimento da Estética Negra enquanto uma das estratégias de enfrentamento ao racismo. Os resultados obtidos demonstram que há um profundo entrelaçamento entre Movimento Negro, Estética Negra, e estratégias de combate ao racismo. As raízes históricas do movimento negro estão diretamente associadas as discussões envolvendo discriminações e exclusões ao reconhecer que a Estética Negra historicamente vulnerabiliza o negro a sofrer situações de racismo e tem levado por séculos negros e negras a procurar processos de branqueamento. Por fim, identificamos a necessidade histórica de conhecer os sentidos e significados das vivências da população cujos estudos apontam como mais vulnerável nesse processo: as mulheres negras.
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